Ela sabia que depois de tanta tempestade dentro do peito, merecia ser feliz, merecia ser o suficiente para ela mesma, e depois de se enxergar completa de vez, merecia um amor que trouxesse de volta o que a juventude lhe tirou: a vontade de acreditar novamente em alguém sem sentir aquela dorzinha de ser apenas mais alguém. Ela merecia ser a rosa rara a ser cuidada no Jardim de alguém, porque até o mais surado coração encontra morada noutro tão fatigado quanto, e se cuidam, se curam. E foi no meio de tantos descompasso que um dia o caminho ganhou mãos dadas, ternura, e uma vida que cabia dois. Era bonito de ver o amor renascendo todas as manhãs, a rosa encontrou primavera, só  floresceu. 

Tens que ser  vento  capaz de afastar

A  tempestade que se  forma

Nuvens são linhas inversas no céu ainda turvo, e cinza
O senhor que caminha a passos lentos tropeça
Ninguém ve
A menina que pisa na poça leva resquícios das águas
Que abre um "novo caminho" nos vincos da calçada

Tantos passos apressados com destino certo

Ninguém repara na linha do horizonte 

No vento que passa, e apaga o cinza do céu
Pintando o céu das cores que a vida tem
Um arco da própria visão da íris
Foste vento sem cessar.

                      
O trem passa e não  espera um segundo por quem  atrasou em  aproximar-se da estação,  as portas fecham-se e selam caminhos e seus destinos finais. No fileira lateral com fone no  ouvido, jeans desgastado, barba por fazer  o rapaz parece escutar a música que o desliga do mundo todo no volume adequado aos próprios pensamentos, já não parece fazer parte do mesmo lugar e instante. 

Se ele sonha ou rabisca circunstâncias rotineiras enquanto o trem segue seu curso? Dos seus sonhos foram feitos  grilhões, aparentava ter o próprio mundo dentro da mochila, que o pesava na caminhada. Ainda não provara do  gosto incomparável  de sonhar por sonhar,  em perder- se no tempo organizando futuros e instantes próximos só  por gosto em ser livre para decidir o momento  por vir. Os sonhos foram forjados de decisões imediatas que elimiram a possibilidade  de barganha. Não fosse desastroso seria no mínimo interessante a forma como os grilhões apenas tomaram formas mais distintas de assegurar servidão naquele rapaz. Ele parou duas   estações após o ponto de partida, despretensiosamente ele saltou do trem deixando o eco do que ouvia " You may say, I'm a dreamer But I'm not the only one". 

Paz no amor
Serenidade no caminhar
Todo santo dia.

 - Renata A. Lima

Ame. Ame quem você é com a mesma intensidade de um "grande amor". Faça e refaça os caminhos se for preciso, não se envergonhe de por vezes caminhar a passos mais lentos, não é vergonha alguma ter seu próprio tempo,  trilhe aos seus passos da melhor maneira. Cuide-se, ninguém nesse mundo saberá cuidar de você com a mesma dedicação. Reconheça sua assinatura nas suas decisões, toda escolha influenciada externamente terá efeito sobre o seu futuro. Permita-se deixar marcas em sua própria existência. Viaje para dentro do seu mundo sem data para retornar, são tantos horizontes: chuva, sol... e a primavera que te faz florescer, seja isso tudo que você é, não se limite se suas folhas caem na estação... Ciclos são a verdadeira lição de que tudo passa pelo crivo do tempo e renasce. Firme raízes exatamente onde queira estar. Ame o processo de amadurecimento, ame cada folha que cai como quem cumpriu uma etapa e fim. Ame, se ame! E depois ame com o amor de quem sabe se amar.

Renata A. Lima

Ed Sheeran - Photograph (legendado)

Amor em forma de canção!!!

Não tinha uma porção do orgulho que a maioria insistia em ter, o que  tinha era princípios que iam além do joguinho bobo de quem vai dar o braço a torcer primeiro. Sabia que na vida  nem sempre se permanece intacto  pelo caminho,  estilhaços dela ficaram por alguns lugares, não soube voltar para buscar, no fundo, nunca quis saber voltar, dores que já foram tão doídas não necessitavam ser remoídas.  Aprender a refazer o que ficou de si mesma lhe parecia tarefa mais sincera do que juntar fragmentos soltos... Compreendeu que o que ficou não foi resto de si, o que ficou foi a mais pura essência do seu ser.   O que ficou não tinha nem um pingo da acidez dos pesos diários que se impunha a continuar carregando, como um fardo de tesouro que deveria chegar até o fim.  Ultrapassando as barreiras do cotidiano a vida abriu um leque que jamais será fechado: nada lá fora importava mais do que o que tinha dentro de si. Fechou os olhos e pôde enxergar tanto. 

De uns dias para cá percebeu que tinha sim orgulho, um orgulho genuíno que não cabia em palavras, orgulho de ser quem se transformou. 

Vivas as lembranças das lacunas que aparentavam não ter solução até encontrar a direção. Por todos os danos diários que tem se desvencilhado, já não queria sentir nada do peso todo que carregava dias atrás. A menina amanheceu... Manteve a espinha ereta, respirou fundo, estampou o melhor sorriso no rosto, caminhou.